Noções Básicas de Captura de Imagem para Técnicos em Radiologia

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Os três pilares da imagiologia de raios X constante e de alta qualidade.

Assim como a maioria das tecnologias, o software de imagens de raios X está evoluindo, oferecendo mais automação e melhor qualidade de imagem. No entanto, os conceitos básicos de imagiologia para técnicos em radiologia permanecem os mesmos.

Confira aqui uma análise útil dos conceitos básicos de imagiologia para técnicos em radiologia. No mundo digital da atualidade, funções básicas antes executadas pelo operador são agora pré-programadas. Por exemplo, a maioria dos telefones celulares conta com câmeras digitais embutidas. Antes de tirar uma selfie ou uma foto de seu bebê andando pela primeira vez, você não precisa parar para conferir a iluminação, definir a sensibilidade ISO ou a escala F-stop. Na verdade, alguns de vocês devem estar se perguntando neste momento: “O que é uma escala F-stop?”.

A câmera de seu celular está programada para fazer esses ajustes para você de modo automático, e na maioria dos casos, suas fotos ficam muito boas. Mas de vez em quando, uma imagem fica muito clara ou muito escura, embaçada ou com baixa qualidade. Quando isso acontece, você apaga a foto e tira outra.

rochas nas esquerdas e balanceamento do lado direito em cima de uma rocha com textos em cada vara (3) - Colimação, Posicionamento e Técnica
Para obter imagens de ótima qualidade, lembre-se dos 3 princípios básicos de captura de imagens – posicionamento, técnica e colimação.

Mas por que ela ficou ruim? É muito simples: a qualidade do software depende da qualidade das informações que ele recebe. O algoritmo de processamento de imagem do celular não consegue usar informações ruins e transformá-las em informações de boa qualidade, embora faça o melhor possível. Essa lógica é conhecida como “garbage in, garbage out”, ou “entra lixo, sai lixo” em português.

O mesmo ocorre com os atuais sistemas de imagem digital de raios X. Há um equívoco de pensar que, ao mudar de um sistema de raios X em filme para um sistema digital, o processamento de imagens tornará todas as suas imagens médicas excelentes. Mas, assim como no exemplo do telefone celular, a qualidade do processamento da imagem depende da qualidade da informação recebida. Com a diferença de que, neste caso, você está emitindo radiação ionizante em um paciente, isto é, precisar repetir uma imagem gera consequências médicas para o paciente.

Os três pilares da imagiologia de raios X constante e de alta qualidade

Para garantir que suas imagens tenham a qualidade ideal, lembre-se destes três princípios básicos de captura de imagens: posicionamento, técnica e colimação. Quando esses critérios são atendidos, você terá a maior probabilidade de obter imagens boas e constantes, sejam elas capturadas em filme, radiografia computadorizada (CR) ou radiografia digital (DR).

Esses são os fundamentos básicos de imagiologia para técnicos em radiologia e funcionam conjuntamente entre si. Vamos analisar cada um deles com mais detalhes.

Posicionamento é o mais importante dos três. Estima-se que, em 85% de todas as imagens que precisam ser repetidas, o problema se deve a erros de posicionamento. Em sua maioria, os sistemas modernos de raios X contam com controles automáticos de exposição, conhecidos como AECs ou AEDs. Eles também são chamados de fototemporização. Esses dispositivos são câmaras de ionização que medem uma quantidade predefinida de radiação e interrompem o circuito de temporização quando é atingida uma dose suficiente para produzir a densidade de filme desejada. Ao usar AEC, é fundamental que se determine a localização da câmara de ionização e que seja realizado o posicionamento exato do tecido sobre esse local. Os dispositivos de exposição automática oferecem uma densidade de qualidade de diagnóstico apenas para estruturas posicionadas diretamente acima das câmaras de ionização. (1)

radiologista inserindo o detector DRX no sistema da Carestream
Os conceitos básicos de captura de imagem permanecem os mesmos, independentemente de você estar usando filme, CR ou radiografia digital.

A função do AEC é eliminar a necessidade de os técnicos definirem um tempo de exposição. No entanto, eles ainda precisam definir manualmente os parâmetros de mA e kVp. Não posicionar corretamente sobre o AEC gera um grande impacto na técnica de exposição, o que abordaremos a seguir. E não posicionar corretamente sobre o AEC fará com que a exposição termine prematuramente, produzindo uma imagem subexposta e com baixa qualidade. É provável que seja necessário repetir a imagem, aumentando a dose de radiação emitida no paciente.

Técnica, para os fins deste artigo, refere-se aos fatores de exposição de kVp, mA e mAs. Pense na técnica como se fosse a luz em uma câmera de filme. Se você tira uma foto com pouca luz, não haverá luz suficiente para expor o filme, e a imagem ficará subexposta. Se houver a exposição a uma luz forte, a imagem ficará superexposta.

O mesmo se aplica à radiografia de filme. Se as técnicas de exposição forem muito baixas, o filme ficará subexposto. Se forem muito altas, o filme ficará superexposto. Mas esse não é necessariamente o caso das imagens digitais, como CR e DR. Nas imagens digitais, a densidade do filme permanece a mesma, independentemente das técnicas de exposição, mas a quantidade de ruído na imagem aumenta ou diminui, dependendo das técnicas de exposição empregadas. O ruído na imagem aparece na forma de uma mancha no filme, como se estivesse polvilhado com sal e pimenta. Causada pela subexposição da imagem, essa mancha diminui a quantidade de detalhes que podem ser vistos em uma imagem e pode implicar um diagnóstico incorreto.

Uma imagem superexposta terá menos manchas, mas resultará em exposição desnecessária do paciente à radiação. Uma exposição muito alta também pode causar saturação do receptor. Nesse caso, as informações da imagem serão perdidas, e será necessário repetir a imagem, expondo novamente o paciente à radiação.

enfermeira usando o colimador no sistema DRX-Evolution Plus
O DRX-Evolution Plus tem uma opção para colimação automática.

A colimação – ou dispositivos limitadores de feixe – é utilizada para reduzir a quantidade de radiação desnecessária dispersa ao paciente. Ao diminuir a radiação dispersa, você aumenta os detalhes e o contraste da imagem. Muitos sistemas modernos de diagnóstico por imagem são equipados com colimação automática, em que o sistema detecta o tamanho do receptor que está sendo usado e colima às bordas externas. Isso pode ser aceitável ao fazer imagem de uma mão em um cassete  18 x 24 cm, que preencherá todo o campo. No entanto, ao usar um cassete maior, isso deixará áreas de feixe não atenuado, promovendo a produção de dispersão e diminuindo o contraste na imagem. A recomendação é, sempre que possível, colimar perto da linha de pele do paciente. Quando você usa um equipamento de imagem digital, também ajuda o software de processamento de imagem a identificar melhor a região de interesse correta para o processamento ideal da imagem.

Lembre-se que os receptores CR e DR são mais sensíveis à radiação dispersa do que os cassetes de filme ou tela. Cerca de 50% a 90% da densidade de uma radiografia pode resultar de radiação dispersa, de modo que a restrição do feixe primário exige um aumento na exposição para compensar a perda de densidade. (2) Os técnicos  precisam estar cientes dos efeitos que a radiação dispersa terá na qualidade da imagem e devem colimar adequadamente para reduzir tais efeitos.

Esses são os fundamentos básicos da captura de imagens para ajudar os técnicos em radiologia a obterimagens constantes e de alta qualidade. Contar com técnicos que entendam e apliquem esses princípios com frequência é vital para o sucesso de qualquer centro de diagnóstico por imagem.

Os equipamentos de imagem modernos revolucionaram o setor, executando muitas dessas funções automaticamente, mas os técnicos devem entender esses princípios e ajustar ou ir além dos recursos para garantir a operação correta e reduzir a exposição desnecessária dos pacientes. Ao retomar os conceitos básicos, você pode poupar tempo e inconveniências devido à repetição de imagens. Essa abordagem pode gerar economias para as suas instalações e, o mais importante, contribuir para a melhoria do atendimento aos pacientes.

Referências:
  1. Richard R. Carlton, M.S., R.T. (R) (CV), FAERS, Arlene M. Adler, M.Ed., R.T. (R), FAERS, Principles of Radiographic Imaging an Art and a Science, Delmar Publishers, Albany, pg. 505, 1996.
  2. Joseph Selman, M.D., FACR, FACP, The Fundamentals of X-Ray and Radium Physics, Charles S Thomas Publisher, Spring_eld, IL, pg. 387, 1994.

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