Informática de Imagiologia Melhora o Atendimento ao Paciente em Radiologia
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A diretora de residência e uma pesquisadora do programa de informática em imagiologia compartilham suas opiniões.
Escrito por Dra. Teresa Martin-Carreras e Dra. Tessa S. Cook, do Hospital da Universidade da Pensilvânia.
À primeira vista, os princípios do atendimento ao paciente em radiologia e informática de imagiologia podem parecer contraditórios. O atendimento ao paciente é muito pessoal, enquanto a informática de imagiologia é um campo voltado a dados, comandado por máquina e baseado em evidências. No entanto, existe uma grande sinergia entre essas duas áreas e, como discutiremos neste artigo, a informática de imagiologia pode possibilitar uma melhoria no atendimento ao paciente em radiologia.
Uma discussão ampla sobre inovação em informática de imagiologia centrada no paciente deve começar revisando os princípios fundamentais do atendimento com foco no paciente e na família:
- Respeito e dignidade
- Intercâmbio de informações
- Participação
- Colaboração
Apesar dos diversos avanços na radiologia desde a descoberta do raios X em 1895, nossos pacientes ainda enfrentam muitos desafios quando passam pelos diferentes atendimentos dentro de nossa especialidade. Esses desafios são geralmente amplificados quando se interconectam com campos como TI e informática de imagiologia. São alguns dos desafios atuais:
- Acesso a laudos e imagens de radiologia
- Transferência de imagens entre centros de atendimento e médicos
- Acesso a e compreensão de laudos de radiologia e impacto no atendimento
- Compreensão da justificativa para realizar imagens
- Incapacidade de se comunicar diretamente com radiologistas
Em nossa instituição, em um esforço para enfrentar esses desafios, testamos diversas inovações em informática com o objetivo principal de melhorar a prestação de atendimentos de radiologia com foco no paciente e na família. Essas inovações são descritas abaixo de forma resumida:
Gerador de laudo de radiologia com foco no paciente (Patient-Oriented Radiology Reporter, PORTER)
Desenvolvido em nosso departamento pelo Dr. Charles E. Kahn Jr., pelo Dr. Seong Oh e pela Dra. Tessa S. Cook, o PORTER foi criado com o intuito de aumentar o poder do paciente de participar de seus cuidados médicos e processo decisório. A equipe analisou 100 laudos de ressonância magnética (RM) de joelho para identificar os termos mais utilizados. Dentro da plataforma PORTER, foi construído um glossário de 313 termos, juntamente com suas definições em uma linguagem leiga. Quando disponíveis, também foram incluídos links para conteúdos de referência (por exemplo, Wikipédia) e ilustrações de domínio público. A foto e o nome do radiologista que assina o laudo também foram exibidos na plataforma para comunicar a nossos pacientes que havia um médico especialista na interpretação do exame de imagem.
Após diversos anos de trabalho conjunto e desenvolvimento do glossário PORTER, ele agora conta com mais de 14.000 termos. Além disso, outros pilotos foram realizados no campo da mamografia e biópsias guiadas por CT (tomografia computadorizada). Desde fevereiro de 2020, o PORTER está agora totalmente integrado ao portal do paciente do departamento de Medicina da Universidade da Pensilvânia para uso do paciente.
Conectar pacientes com radiologistas
O Dr. Nathan Cross, a Dra. Tessa Cook e colegas estabeleceram um sistema para conectar pacientes com radiologistas por telefone. O grupo criou um número de telefone central que encaminhava as chamadas para os celulares dos radiologistas participantes durante o horário de consulta agendado permitido. Foi incluído um convite nos laudos de radiologia para fazer ligações com perguntas sobre o exame. Esta mensagem foi incluída em quase 4.000 laudos.
As soluções de TI podem facilitar as atividades voltadas para o paciente em radiologia.
Os participantes receberam chamadas por menos de 1% do total de laudos, com uma duração média da chamada de aproximadamente 8 minutos. Os pacientes tinham uma série de perguntas, inclusive dúvidas sobre o que significava o laudo, terminologia médica, impacto no tratamento, descobertas não mencionadas e erros nos laudos. A média do tempo total necessário para o radiologista responder foi de aproximadamente 12 minutos, com os 4 minutos extras utilizados para revisar o laudo/imagens, prontuário do paciente, consultar referências ou consultar um colega. Estimulada pelo sucesso desse piloto inicial, a equipe está trabalhando agora na expansão dessa iniciativa para incluir consultas presenciais e em vídeo com os pacientes para revisar seus exames de imagem.
Aumentar a triagem de exames de imagem para pacientes em risco
Com o apoio do prêmio Innovation Accelerator Award do Center for Health Care, a Dra. Tessa S. Cook e sua equipe propuseram-se a melhorar o percentual de triagem para pacientes em risco de carcinoma hepatocelular (CHC). Os pesquisadores observaram que, dos pacientes elegíveis para triagem nessa população, apenas cerca de 60% tiveram exames de triagem solicitados. Como resultado, a intervenção concentrou-se na identificação de pacientes em risco de CHC e na criação de pedidos pendentes de triagem por ultrassom. O pedido incluía instruções para o médico do paciente aprovar o pedido, caso concordasse com a recomendação de exame de imagem. Para os pacientes, os lembretes foram enviados via portal do paciente, e também foi estabelecida uma clínica “pop-up” no mesmo dia para permitir que os pacientes realizassem o exame de triagem no dia em que realizassem as demais consultas médicas.
Melhorar a legibilidade do laudo de radiologia
Geralmente, os laudos de radiologia contêm terminologia e conceitos complexos e desconhecidos para os pacientes e seus cuidadores. Com o apoio financeiro do Beryl Institute, o Dr. Joshua Cho, a Dra. Tessa Cook e demais colegas utilizaram a plataforma de crowdsourcing Amazon Mechanical Turk para recrutar indivíduos para a realização de pequenas tarefas como substitutos dos pacientes. Foi apresentada aos participantes uma série de estilos de laudos de radiologia para imagens oncológicas (por exemplo, não estruturados, estruturados, prontuário do paciente etc.). Talvez sem muita surpresa, o grupo descobriu que, quando os prontuários dos pacientes eram exibidos, o número de laudos interpretados incorretamente diminuía e o número de laudos interpretados corretamente aumentava.
Em resumo, os pacientes desejam um melhor acesso às imagens radiológicas, aos laudos e a seus radiologistas. As soluções de informática e TI podem facilitar as atividades voltadas ao paciente na radiologia e, em última análise, podem ajudar a diminuir a distância entre os pacientes e seus radiologistas.
Sobre as autoras:
A Dra. Teresa Martin-Carreras é residente sênior em radiologia de diagnóstico (R-5) e pesquisadora em informática de imagiologia no Hospital da Universidade da Pensilvânia.
A Dra. Tessa S. Cook, PhD, tem certificação CIIP, é chefe de imagem 3D e avançada e professora assistente de Radiologia no Hospital da Universidade da Pensilvânia.