Retomada do atendimento radiológico de rotina durante a COVID-19
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Estratégias para fornecer diagnóstico por imagem de pacientes internados ou ambulatoriais em um cenário novo e desafiador.
A persistência do vírus da COVID-19 está exigindo que muitos fornecedores de diagnóstico por imagem adaptem as operações para retomar o atendimento radiológico de rotina, assim como para atender os pacientes infectados com COVID-19.
O Everything Rad perguntou a vários fornecedores de diagnóstico por imagem em todo o mundo quais eram suas recomendações para a retomada de exames radiológicos de rotina paralelamente à prestação de cuidados a pacientes infectados com COVID-19. Continue lendo para saber mais sobre:
- Como assegurar o controle de infecções em diagnóstico por imagens de pacientes internados ou ambulatoriais;
- Como diagnosticar pacientes infectados com COVID de forma segura;
- Como obter imagens de pacientes infectados com COVID de forma segura;
- Como tranquilizar a população em geral sobre a segurança do centro de imagens;
- Como superar o prejuízo financeiro no setor de diagnósticos por imagem;
- O impacto duradouro do coronavírus na radiologia.
“O maior desafio para o mundo todo agora é saber como abrir os serviços hospitalares para pessoas com outras doenças ou problemas de saúde”, enfatizou o Dr. Arnon Makori, diretor de informática para radiologia no Clalit Health Services em Israel. “Temos de aprender como gerenciar os serviços sabendo que há um paciente que pode ter um diagnóstico positivo para COVID. Nosso desafio mais importante como administradores de radiologia, técnicos em radiologia e radiologistas é saber como podemos prestar agora o mesmo serviço que fornecíamos antes da COVID. Do ponto de vista profissional, não é correto adiar a realização de outros exames de diagnóstico por imagem. Trata-se de um equilíbrio muito tênue e isso não é fácil.”
Como assegurar o controle de infecções em diagnóstico por imagens de pacientes internados ou ambulatoriais
À medida que a taxa de infecção diminui em algumas regiões, pacientes com problemas de saúde não relacionados à COVID-19 estão voltando aos serviços de diagnóstico por imagem em hospitais e ambulatórios. A principal preocupação para muitos desses pacientes e os profissionais de saúde é o controle da infecção. Hoje, é comum ver divisórias de acrílico instaladas para criar uma barreira entre os pacientes e os colaboradores de registro e agendamento. Além disso, tanto os colaboradores quanto os pacientes usam máscaras. Essas são as mudanças fáceis.
No Cedars-Sinai localizado no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, um dos maiores desafios na retomada do atendimento radiológico de rotina tem sido se adaptar ao distanciamento físico, o que resultou na perda de quase metade da capacidade da sala de espera, afirmou o Dr. Barry Pressman, pesquisador do American College of Radiology (ACR) e diretor de imagiologia acadêmica. Para compensar a perda, o Cedars-Sinai criou novas áreas de espera nos corredores e no mezanino do hospital. Uma área externa em que os profissionais de saúde costumavam fazer suas refeições agora funciona como área de espera para os familiares.
“O maior problema tem sido onde os pacientes permanecem sentados na sala de espera. E isso tem um efeito cascata em relação a quando realizar os processos e quantos processos realizar por hora, já que não há mais espaço para os pacientes se sentarem”, explicou o Dr. Pressman.
O horário foi ampliado para compensar o funcionamento mais lento em decorrência do espaçamento físico, assim como o tempo necessário para limpar as salas entre os exames.
O Golden Gate Radiology Medical Group, um pequeno centro de diagnósticos por imagem localizado no centro de São Francisco, restringiu o acesso ao hospital e ao departamento de radiologia apenas aos pacientes. ”Nunca houve um fluxo livre de pacientes nas dependências privadas do departamento antes, mas, com a COVID, há uma maior regulação de tudo e de todos para proteger pacientes e colaboradores contra a infecção”, afirmou o Dr. Roger S. Eng, mestre em saúde pública e pesquisador do American College of Radiology (ACR).
Como parte da retomada do atendimento radiológico de rotina, o Clalit Health Services em Israel elaborou um questionário para identificar os fatores de risco da COVID-19 e integrou-o ao RIS em 50 centros de imagem em todo o país. São feitas uma série de perguntas na recepção a todos os pacientes ambulatoriais.
“Ter esse processo computadorizado é uma ferramenta importante”, afirmou o Dr. Makori. “Quando o sistema identifica um sinal de alerta, os colaboradores da recepção são orientados a discutir o caso conosco na radiologia.”
No Cedars-Sinai, todos os pacientes ambulatoriais que devem passar por procedimentos guiados por imagem (por ex., angiografias e biópsias) são testados para COVID-19 no período de 48 horas antes da consulta de diagnóstico por imagem. “Se alguém testar positivo, não realizamos as imagens, a menos que seja uma urgência ou uma emergência, o que geralmente não é o caso dos pacientes ambulatoriais”, afirmou o Dr. Pressman.
Quanto aos pacientes internados com diagnóstico positivo para COVID, eles só realizam exames de imagem “se for estritamente necessário” e após a análise e a aprovação dos radiologistas, explicou o Dr. Pressman. “Obviamente, se um paciente for um caso de urgência ou emergência, temos de realizar o exame. Basta tomar todas as precauções necessárias.”
Estudos como do trato gastrintestinal superior, testes de olfato, estudos de deglutição e esofagogramas que exigem que os pacientes tirem a máscara continuam sendo um desafio, esteja o paciente infectado ou não. Normalmente, o procedimento exige que os colaboradores, quer sejam técnicos em radiologia, enfermeiros ou médicos, compartilhem o mesmo ambiente com grande proximidade. Nesses casos, os colaboradores do Cedars-Sinai usam um EPI completo, inclusive máscaras N95. Os pacientes são orientados a encher a boca com contraste enquanto os colaboradores mantêm uma certa distância. Em seguida, os pacientes são orientados a recolocar a máscara e a engolir.
Além disso, o hospital está fazendo o máximo possível de exames de fluoroscopia em salas com controle remoto, em vez de utilizar as salas convencionais. “Essas mudanças não são fáceis, mas precisamos fazer adaptações”, enfatizou o Dr. Pressman.
Outra estratégia para limitar a infecção é o “método de operação em cápsula”, mantendo-se os membros da mesma equipe atuando juntos, como uma unidade. O Clalit Health Services utilizou essa abordagem de trabalho para limitar a possibilidade de infecção, principalmente entre os membros da equipe, caso alguém fosse infectado. “A COVID veio para ficar. Temos de encontrar maneiras de dar conta da demanda da COVID paralelamente ao fornecimento do diagnóstico geral por imagem”, enfatizou o Dr. Makori.
Antes de retomar o atendimento radiológico de rotina, o Columbus Regional Health implementou o distanciamento social adequado, bem como o uso de divisórias de acrílico e desinfecção habitual. Além disso, o hospital designou um diretor de segurança da força de trabalho que examina vários setores do hospital e observa oportunidades para aprimorar o controle de infecções, afirmou Bill Algee, diretor de serviços de imagem.
Como diagnosticar pacientes infectados com COVID de forma segura
Uma das estratégias mais importantes para o controle da infecção é identificar e isolar rapidamente os pacientes infectados com COVID. No Witham Health Services, todos os pacientes com suspeita de COVID são submetidos a um exame respiratório prioritário (Respiratory Fast Track, RFT). São realizados um exame médico para identificação de sintomas e uma radiografia torácica com uma unidade portátil de diagnóstico por imagem.
“Realizamos exames de tórax portáteis de visualização simples na unidade de COVID. Os colaboradores que atuaram no atendimento utilizaram os EPIs apropriados. Ficamos cobertos praticamente da cabeça aos pés e utilizamos, inclusive, protetores para os olhos, cabelos e sapatos. Os raios X de visualização simples sempre foram utilizados como referência”, explicou Jason Scott, que possui formação em MBA, é administrador certificado em radiologia (Certified Radiology Administrator, CRA), pesquisador da Association for Medical Imaging Management (AHRA), profissional certificado em experiência do paciente (Certified Patient Experience Professional, CPXP), técnico registrado em radiologia (Registered Radiologic Technologist, RT(R)) com especialização em ressonância magnética (Magnectic Resonance, MR), além de diretor de experiência do paciente e de imagiologia/pneumologia/neurodiagnóstico/tratamento de feridas no Witham Health Services.
Quando os pacientes precisavam de testes adicionais ou de um exame de CT (tomografia computadorizada), eles eram levados ao departamento de tomografia. Entretanto, não havia incentivo à realização de CT (tomografia computadorizada). “Para chegar à sala de CT (tomografia computadorizada), o paciente com COVID precisa cruzar corredores em que pode ocorrer exposição. E no caso de pacientes recebendo a administração de algum produto em aerossol, precisávamos limpar toda a sala de CT (tomografia computadorizada) depois. Felizmente, tínhamos luz UV que pode limpar totalmente a sala”, explicou Scott.
O Cedars-Sinai também não incentivou a utilização de CT (tomografia computadorizada) como ferramenta diagnóstica no início. “No começo, discutia-se bastante sobre a COVID ser muito específica em sua aparência em um exame de CT (tomografia computadorizada). Mas, agora, a maioria dos dados sugere que isso não é verdade. Foram necessárias algumas conversas (com médicos) para esclarecer que a CT (tomografia computadorizada) era inadequada e possivelmente poderia prejudicar outros pacientes porque teríamos de limpar a sala em que o exame seria realizado, acarretando demora no atendimento de outras pessoas. E a CT (tomografia computadorizada) não realizaria o diagnóstico”, lembrou o Dr. Pressman.
A Golden Gate Radiology, que é associada ao Chinese Hospital, inicialmente planejou realizar CT (tomografia computadorizada) quando não houvesse outras opções de testes à disposição. Os colaboradores do hospital e os médicos responsáveis pelos encaminhamentos trabalharam juntos para elaborar políticas para os casos em que um paciente com suspeita de COVID-19 precisasse ser submetido a uma CT (tomografia computadorizada), além do processo de transferência desse paciente para o setor de diagnóstico por imagem e seu retorno. “Tivemos de estabelecer quando seria realmente benéfico realizar o diagnóstico por imagem para iniciar o processo. Era um novo fator de risco/recompensa a adicionar à equação do diagnóstico por imagem”, afirmou o Dr. Eng.
Como obter imagens de pacientes infectados com COVID de forma segura
Para ajudar a limitar a possibilidade de a infecção se disseminar entre os pacientes que chegam para o atendimento radiológico de rotina, o Clalit Health designou uma unidade independente e isolada para todos os pacientes com COVID. A obtenção de imagens no leito era feita com unidades de radiografia digital dedicadas, inclusive o sistema de diagnóstico por imagem móvel Carestream DRX-Revolution, que permaneceu no setor o tempo todo.
“Contávamos com radiografias torácicas para realizar o acompanhamento, não o diagnóstico, bem como para classificar a gravidade da doença. Combinávamos os resultados com outros parâmetros médicos, como definições dos ventiladores e resultados de exames de sangue, para obter um algoritmo de previsão geral que permitisse observar e identificar os pacientes que teriam uma piora”, afirmou o Dr. Makori. “Acreditamos que os raios X de tórax são a ferramenta de diagnóstico por imagem mais importante e eficaz para a triagem e o acompanhamento.”
Contar com uma unidade dedicada que permaneceu no setor o tempo todo facilitou a limpeza. Os exames eram realizados no final do dia e, em seguida, a unidade era desinfetada em preparação para o próximo dia.
O Columbus Regional também contou com o DRX-Revolution para o monitoramento de pacientes com COVID-19. Os pacientes infectados ficaram restritos às UTIs. A unidade móvel era deslocada entre as salas na UTI depois de passar por uma limpeza completa ao final de cada exame. Antecipando-se a um aumento no número de pacientes infectados com COVID, o hospital alugou uma unidade portátil analógica que poderia ser atualizada para a realização de radiografias digitais utilizando seu DRX-Transportable System da Carestream.
“Esta opção nos poupou de tentar encontrar outras unidades portáteis que estavam em falta. Além disso, era mais econômica. Estávamos contando cada centavo feito loucos”, lembrou Algee.
Como tranquilizar a população em geral sobre a segurança do centro de imagens
Os centros de imagens estão implementando procedimentos de segurança e estão preparados para retomar o atendimento radiológico de rotina. Mas como podemos tranquilizar os pacientes? Tornando os esforços visíveis, destacou o Dr. Pressman.
“Dizemos a nossos técnicos que eles precisam se tornar vendedores. Pedimos que eles se certifiquem de mostrar aos pacientes o que está sendo feito para protegê-los. Pedimos que eles higienizem as cadeiras quando as pessoas que sentarão nelas estiverem vendo. Pedimos que eles comentem sobre a máscara e não se esqueçam de usá-la. Que afixem marcadores em todo o piso sinalizando onde ficar. E que afixem marcadores nas cadeiras indicando “sentar aqui”, “não sentar aqui”. Que façam todo o possível para que os pacientes entendam que estão sendo adotadas medidas”, afirmou.
Além disso, o hospital orienta os colaboradores a “dizer aos pacientes não infectados com COVID que suas imagens serão obtidas em salas que acreditamos não terem recebido pacientes com COVID. Dizer que os aparelhos foram limpos antes de eles entrarem. Não presumir que os pacientes sabem o que está sendo feito. Dizer tudo o que está sendo feito. Fornecemos aos nossos médicos as mesmas informações para que eles possam compartilhá-las com seus pacientes (que precisam de diagnóstico por imagem) e tranquilizá-los”, acrescentou.
Algee concorda que os centros sempre podem melhorar a comunicação com os pacientes que precisam de radiologia de rotina neste momento. “Precisamos continuar deixando claro que estamos criando um ambiente seguro o bastante para os pacientes. Não tenho dúvida de que qualquer pessoa que procurar o hospital está mais seguro aqui do que em qualquer outro lugar na comunidade, além de sua própria casa.” O hospital também lembra seus colaboradores de que, inclusive fora de suas dependências, eles são exemplos para a comunidade e devem usar máscaras conforme o necessário.
O Dr. Anish R. Kadakia, professor de cirurgia ortopédica na Northwestern University/Northwestern Memorial Hospital, constatou que os pacientes se sentem menos ansiosos quando podem se consultar com o médico e realizar os exames de imagem em um único lugar, na mesma ocasião. “Prevemos que os pacientes vão querer minimizar as idas aos hospitais durante algum tempo. A pandemia tornou o público em geral mais consciente sobre a disseminação de doenças infecciosas. Embora alguns pacientes precisem comparecer ao nosso ambiente hospitalar, eles são tranquilizados ao explicarmos que podemos obter imagens e compartilhar os resultados em uma única consulta. Contar com aparelhos de diagnóstico por imagem em nossas dependências é uma grande vantagem.”
Como superar o prejuízo financeiro no setor de diagnósticos por imagem
Além de cumprir a missão de prestar assistência médica de qualidade, os fornecedores de diagnóstico por imagem também precisam manter sua fonte de renda. Muitos serviços de diagnóstico por imagem sofreram uma grande redução no número de exames, pois os pacientes permaneceram em casa com receio de serem infectados pela COVID. Além disso, alguns governos, como os EUA, pediram a interrupção generalizada dos procedimentos eletivos na esperança de desacelerar a disseminação do vírus.
A Golden Gate Radiology e o Chinese Hospital nunca tiveram números elevados de casos de COVID-19. No entanto, eles sentiram um impacto financeiro tão acentuado quanto os demais centros. “Tivemos de nospreparar, então cancelamos todos os procedimentos e exames de diagnóstico por imagem ambulatoriais. Para um hospital pequeno com um orçamento apertado como o nosso, isso é um grande problema”, afirmou o Dr. Eng, acrescentando que, a certa altura, as consultas de diagnóstico por imagem caíram 80%.
“Muitos pacientes dizem que ainda estão preocupados em relação ao retorno, mesmo a um ambiente ambulatorial. Estamos entrando em contato com eles e apresentando os fatos. Dizemos a eles que nenhum membro da equipe testou positivo em todo o hospital e contamos sobre nossos procedimentos de segurança para mantê-los seguros durante sua breve permanência aqui”, explicou o Dr. Eng.
Como outros centros, o Columbus Regional Health inicialmente fechou o setor de diagnóstico por imagem ambulatorial, mas reviu essa decisão após duas semanas. “Ao longo de duas semanas, apenas um número muito limitado de pacientes, além dos pacientes com COVID, compareceram ao departamento de emergência do hospital. Logo no início, percebemos que outras pessoas que precisavam de atendimento não estavam vindo até nós”, afirmou Algee.
Seu centro de imagens ambulatorial foi reaberto com atendimento três dias por semana, posteriormente sendo ampliado para cinco dias por semana em virtude do aumento contínuo na demanda por serviços de imagem e da diminuição no número de casos de COVID-19 na região.
Qual é o impacto duradouro do coronavírus na radiologia?
Embora haja esperança de que uma vacina eficaz seja encontrada, os entrevistados acreditam que o impacto do coronavírus será duradouro.
“Eu não me surpreenderia se os colaboradores que trabalham com casos envolvendo o uso de aerossóis e anestesia tiverem de utilizar proteções faciais para sempre”, previu o Dr. Pressman. “Por muito tempo existirá o receio: ‘o que mais posso pegar?’ E o medo da COVID provavelmente ainda estará presente mesmo depois que houver uma vacina disponível.”
Se houver uma segunda onda, alguns departamentos de diagnóstico por imagem se empenharão ao máximo para continuar prestando o atendimento radiológico de rotina para que possam cuidar das necessidades de todos os pacientes. O futuro deles pode depender disso.
“Todos nós estamos à disposição para cuidar dos pacientes, mas a radiologia também é um setor de prestação de serviços”, afirmou Scott. “Faremos de tudo para não fechá-la. É por isso que, agora, estamos usando máscaras com cada um dos pacientes o tempo todo. Estamos realizando triagem das equipes antes e depois dos turnos, incluindo todos os colaboradores, sejam do departamento de radiologia ou de enfermagem, entre outros indivíduos. Estamos mais confiantes agora do que na primeira onda, pois já passamos por essa situação e sabemos do que se trata. Estamos mais preparados agora.”
Katie Kilfoyle Remis é editora do Everything Rad e gerente de mídia digital global para a Carestream Health. Entre em contato com ela através do e-mail: Katie.Remis@Carestream.com
Obs. da editora: Arnon Makori, Roger Eng e Barry Pressman são membros do Conselho Consultivo da Carestream.
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