COVID-19: três desafios importantes na administração da radiologia
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Impacto da COVID-19 nas equipes de radiologia e no planejamento administrativo.
A pandemia da COVID-19 criou inúmeros desafios para a imagiologia médica: os principais são diagnosticar e monitorar a doença, além de controlar a infecção. Além disso, esse vírus persistente tem um impacto significativo na administração dos departamentos de radiologia. O Everything Rad entrevistou diversos radiologistas e administradores de radiologia a respeito de suas percepções. Confira como eles resolveram os três principais desafios na administração da radiologia relacionados à COVID-19:
- A redução da demanda de imagiologia diagnóstica e seu impacto nas equipes de radiologia;
- Incerteza e moral das equipes;
- Planejamento para o desconhecido.
A redução dos serviços de imagiologia afeta níveis e salários das equipes
Muitos serviços de imagiologia sofreram uma redução significativa nos exames quando a infecção pela COVID atingiu seu pico nas comunidades. A queda na receita afetou as equipes, assim como o resultado dos departamentos de radiologia.
Durante a primeira onda da COVID, a equipe de radiologia do Witham Health Services precisou de versatilidade para manter sua carga horária e seus salários, explicou Jason Scott, que possui formação em MBA, é administrador certificado em radiologia (Certified Radiology Administrator, CRA), pesquisador da Association for Medical Imaging Management (AHRA), profissional certificado em experiência do paciente (Certified Patient Experience Professional, CPXP), técnico registrado em radiologia (Registered Radiologic Technologist, RT(R)) com especialização em ressonância magnética (Magnectic Resonance, MR), além de diretor de experiência do paciente e de imagiologia/pneumologia/neurodiagnóstico/tratamento de feridas. “Se os volumes na radiografia eram baixos, transferíamos as pessoas para outros setores. Os tecnólogos precisaram estar dispostos a fazer um treinamento multidisciplinar. Também tivemos de trocar as pessoas com bastante frequência. Tivemos técnicos em radiologia e técnicos em mamografia aferindo a temperatura e fazendo perguntas na entrada. Tudo isso nos ajudou a ver quem veste a nossa camisa. Vimos quem se prontificou e realizou coisas com as quais não se sentia totalmente à vontade para manter sua carga horária.”
O Columbus Regional Health manteve toda sua equipe trabalhando, mas adotou abordagens criativas, afirmou Bill Algee, diretor do serviço de imagiologia. “Transferimos alguns profissionais de radiologia para outras funções, como limpeza. E exigimos que todos tirassem licença remunerada, inclusive eu.”
No Cedars-Sinai, no sul da Califórnia, a redução no setor de imagiologia foi drástica: uma queda de 75% na pior fase, afirmou o Dr. Barry D. Pressman, pesquisador do American College of Radiology (ACR) e diretor de imagiologia acadêmica. “Nosso departamento de imagiologia sofreu um tremendo impacto financeiro. Felizmente, durante a pior fase, o hospital garantiu os salários de todos os funcionários que não são médicos e não houve demissões.”
Antecipando-se a uma possível segunda onda da COVID-19, o Witham Health Service congelou as contratações e ainda não preencheu duas vagas para técnico em radiologia, afirmou Scott. “Não queremos ser obrigados a realizar demissões se houver outra onda de pacientes com COVID, por isso estamos sendo muito cautelosos com o recrutamento. Mas isso dificulta ainda mais as coisas para nossos técnicos que estão aqui e precisam dar conta da carga de trabalho.”
Gestão da confiança e do moral das equipes de imagiologia nos departamentos de radiologia
A preocupação com a segurança pesou ainda mais sobre a equipe de radiologia do que a preocupação com a manutenção dos empregos.
“Para mim, a parte mais difícil de tudo isso foi tentar manter um nível de confiança entre a equipe, a liderança e o CDC, e também manter todos nós na mesma direção, especialmente no início, quando tudo estava mudando com muita rapidez”, enfatizou Algee. “No começo, perguntávamos apenas sobre que tipo de máscara ou EPI utilizar e se as máscaras poderiam ser reutilizadas, e as respostas mudavam duas vezes por dia. É difícil para a equipe confiar em você quando as respostas estão sempre mudando. Eu disse no início: ‘é isso o que sabemos hoje e tudo pode mudar’.”
Algumas incertezas perduram ainda hoje, assim como a necessidade de que os administradores de radiologia continuem se comunicando e tranquilizando as equipes nos departamentos de radiologia à medida que a COVID-19 persiste.
“Como líder de imagiologia, você pode apenas controlar o que acontece no seu andar”, explica Algee. “Mas temos 1.800 pessoas trabalhando aqui no hospital. Um de nossos técnicos foi a outro andar e viu alguém fazendo algo diferente com relação aos EPIs. Eu mencionei a questão em uma de nossas chamadas da liderança, que ocorrem constantemente. Em seguida, dei um retorno à minha equipe para tranquilizá-los, explicando que a pessoa que eles viram estava agindo de forma apropriada e por que motivo.”
O Witham Health teve sorte de dispor de EPIs suficientes após ter realizado um pedido grande, em antecipação à época de gripe, afirmou Scott. “Porém, a lição mais importante que aprendemos é que temos de ter a quantidade adequada de EPIs – e precisamos pedir mais. Os preços dos EPIs subiram mais de dez vezes e, mesmo assim, é difícil achar. Eu trabalho na área da saúde desde 1993 e nunca tinha visto nada parecido com esse surto.”
Os administradores de radiologia, mais do que nunca, também precisam defender suas equipes. “Havia uma crença no hospital de que os ‘trabalhadores da linha de frente’ eram médicos e enfermeiros”, lembrou Algee. “Mas todos os meus técnicos fizeram exames de raios X em pacientes com COVID. Houve momentos em que eles se sentiram desrespeitados e desvalorizados. Algumas vezes, tive de lembrar a liderança que há um grupo muito maior trabalhando nas linhas de frente. Os técnicos em radiologia também precisavam ser tratados com carinho e deveriam se sentir cuidados.”
Planejamento para o desconhecido em radiologia durante a COVID-19
Um terceiro desafio da COVID-19 em relação à administração da radiologia é a necessidade de planejamento intensivo – para o desconhecido.
“Eu me lembro de estar em uma ligação de manhã falando sobre como fazer as mudanças na equipe, caso o volume de exames diminuísse. Ao meio-dia, estava em uma ligação em que falávamos sobre dar licença aos funcionários e, às 15h, recebemos uma ligação sobre a reabertura. Em apenas um dia, estive em três ligações sobre três diferentes cenários para a equipe”, lembrou Algee.
“Depois, eu tive de aprender sobre trocas de ar para saber com que frequência precisaríamos revezar nossa sala de exames”, acrescentou. “Eu nunca tinha pensado sobre trocas de ar antes, mas agora conheço esse conceito. Como líderes, realmente precisamos pensar além do comum em momentos como esse.”
“O planejamento e a implementação de todos os planos devem ser realizados de modo meticuloso”, acrescentou o Dr. Pressman. “No início da COVID, meu diretor administrativo montou uma equipe grande com nosso pessoal para planejar e colocar tudo por escrito. Formamos equipes de implementação e de treinamento, não apenas para o departamento de imagiologia, mas para cada uma das áreas do hospital. Nossas discussões envolveram provavelmente centenas de pessoas e horas de reunião por dia para conseguirmos tudo isso.”
O Dr. Roger S. Eng, mestre em saúde pública e pesquisador do American College of Radiology (ACR) da Golden Gate Radiology na Califórnia, disse que a prioridade era “treinar, treinar e treinar mais”. “Manter a segurança em um ambiente com uma doença infecciosa era uma situação nova para nós. Utilizar os EPIs de forma adequada foi uma nova habilidade que tivemos de aprender. Enquanto realizávamos nosso trabalho, tivemos de aprender como manter uma barreira segura entre os pacientes e nós mesmos e entre os membros da equipe. Tivemos de aprender como manter os equipamentos de radiologia e o departamento seguros e higienizados.”
Para ajudar a gerenciar esses desafios, os administradores do Golden Gate e sua afiliada, o Chinese Hospital, trabalharam juntos com organizações e associações de saúde para compreender as diretrizes de emergência. Logo, diferentes grupos do hospital assumiram a tarefa de aperfeiçoar as orientações e determinar como aplicá-las em seus respectivos contextos hospitalares e de imagiologia.
Tendo vivido a primeira onda da COVID-19 e se adaptado – e readaptado –, muitos prestadores de serviços de saúde se sentem mais bem preparados para uma segunda onda. A maior parte está satisfeita, pois fizeram tudo o que era humanamente possível no primeiro momento. Mas, como se preparar para o inesperado?
“Como hospital, estamos preparados para situações inesperadas. Mas ninguém estava preparado para ‘parar o planeta e radiografar todo mundo’”, resumiu Algee.
Obs. do editor: Roger Eng e Barry Pressman são membros do Conselho Consultivo da Carestream.
Katie Kilfoyle Remis é editora do Everything Rad e gerente de mídia digital global para a Carestream Health. Entre em contato com ela através do e-mail: Katie.Remis@Carestream.com
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