Desafios e tendências da radiologia na América Latina para o segundo semestre de 2021

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Os provedores de aquisição de imagens médicas na América Latina estão se adaptando a novos fluxos de trabalho.

Em meio à desordem causada pela pandemia da COVID-19, os profissionais de saúde na América Latina foram apresentados a novos desafios para fornecer aquisição de imagens médicas a seus pacientes.  Alguns dos desafios ainda persistem, enquanto outros estão surgindo.

O Everything Rad perguntou a três representantes experientes da América Latina – Ricardo Martin del Campo Fonseca, gerente regional de negócios da Carestream Health; Samuel Siller Ruiz, diretor da Medica Siller; e Fernando Sales, diretor da Tiradentes Saúde – sobre os desafios e as tendências na aquisição de imagens médicas na região para o restante de 2021.

Everything Rad: Quais são os principais desafios que os provedores de aquisição de imagens médicas enfrentarão na América Latina em 2021?

Imagem de dados em segundo plano com radiologista. Texto "Desafios e  Tendências de Radiologia na América Latina"

RICARDO: Eu diria que um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais de saúde é a necessidade de fluxos de trabalho mais seguros e estudos mais rápidos com sistemas mais inteligentes e personalizados que possam lidar com os picos de demanda.  Um grande desafio é também a adoção de novas tecnologias digitais, principalmente pelas gerações com maior experiência em tecnologias analógicas, para dar suporte à telemedicina. Existe uma parcela significativa da população que não tem acesso à internet, portanto a disponibilidade e os recursos necessários para atender os pacientes dessa forma apresentam verdadeiros desafios.

SAMUEL:  Mais centros de imagens estão migrando para a radiografia digital. Um dos motivos para isso é a possibilidade de os profissionais de saúde realizarem a interpretação radiológica remota.

FERNANDO: Um obstáculo consiste nos aumentos de impostos e do dólar… por exemplo, temos o aumento nos preços dos filmes, o que é um desafio para os clientes que buscam reduções de custos.

Além disso, há mais concorrência na área da saúde. Os pacientes procuram melhor eficiência e serviço, por isso existem muitas iniciativas voltadas para a saúde e a satisfação com o atendimento ao paciente.

Everything Rad: Como a COVID-19 impactou a aquisição de imagens médicas?

Imagem de Ricardo Martin del Campo Fonseca
Ricardo Martin del Campo Fonseca, Gerente Regional de Negócios da Carestream Health.

RICARDO: A COVID-19 impulsionou o crescimento no mercado de aquisição de imagens digitais de várias maneiras. A equipe clínica precisa que as imagens sejam disponibilizadas rapidamente no leito do paciente, portanto, as unidades de raios X digitais portáteis assumiram um protagonismo graças à simplicidade e mobilidade dos seus fluxos de trabalho. E seus recursos de aquisição de imagens digitais fornecem a capacidade de acompanhamento para prestadores de serviços e pacientes. Outra razão importante pela qual se impulsionou o uso de unidades móveis como nossos sistemas DRX-Revolution e DRX-Revolution Nano é porque ajuda a reduzir o risco de contaminação cruzada, não apenas entre pacientes, mas também em diferentes áreas em hospitais e clínicas temporárias que foram estabelecidas para a crise de emergência sanitária.

SAMUEL: Com certeza houve aumento nas aquisições de imagens do tórax, e grande parte concentrada em CT (tomografia computadorizada), com diminuição nos exames dos membros superiores e inferiores. A diminuição acarretou o fechamento de centros de imagens pequenos. E em todos os lugares, o fluxo de trabalho mudou em relação aos protocolos de segurança exigidos.

FERNANDO: A Covid afetou os exames de mamografia, ultrassom e RM, que diminuíram. Mas houve mais exames de tomografia digital e raios X, portanto os fluxos de trabalho se concentraram nessas modalidades.

Everything Rad: Em quais novas modalidades ou fluxos de trabalho o mercado está interessado neste ano e por quê?

RICARDO: Continuamos observando uma demanda nas modalidades digitais, com grande preferência por unidades móveis, além de atualizações digitais da Carestream projetadas para sistemas analógicos, para que os clientes possam atualizar seus equipamentos enquanto otimizam seus investimentos. Os centros de imagens estão ansiosos pelos benefícios da tecnologia digital.

SAMUEL: Há um grande interesse por equipamentos móveis e detectores sem fio devido aos problemas ocasionados pela COVID-19.

FERNANDO: Nossos clientes estão sempre procurando produtos repletos de recursos por um custo acessível.O mercado está interessado em novas modalidades e fluxos de trabalho que ofereçam mais produtividade aos exames e possam ser utilizados fora de clínicas e hospitais — basicamente, modalidades que reduzam a necessidade de o paciente se deslocar até uma clínica ou hospital.

Imagem de Samuel Siller Ruiz
Samuel Siller Ruiz, diretor da Medica Siller.

Everything Rad: Quais perguntas sobre COVID-19 e aquisição de imagens vocês mais ouvem?

RICARDO: Havia três principais preocupações no início da pandemia — a primeira, em relação aos procedimentos adequados de limpeza e desinfecção para tornar o uso do equipamento seguro e prevenir a contaminação cruzada. A segunda era a respeito do suporte de software que poderíamos fornecer, como nosso software de supressão óssea e pneumotórax, para ajudar os médicos a realizar diagnósticos com mais rapidez e precisão. E a terceira era a disponibilidade do produto. A demanda por unidades móveis triplicou e não há dúvida de que houve escassez global de componentes.

SAMUEL: No final das contas, as pessoas não estavam nos perguntando sobre a COVID-19. Elas estavam, sobretudo, concentradas nas novas regulamentações e nos protocolos de saúde em relação ao vírus para evitar o contágio.

FERNANDO: A maioria das perguntas que ouvimos é sobre o que está por vir em soluções de tecnologia de aquisição de imagens para a COVID-19 e outros exames.

Everything Rad: Quais regulamentações novas ou futuras na América Latina terão impacto na aquisição de imagens médicas?

RICARDO: A prioridade dos governos locais continua sendo o rastreamento dos casos de COVID-19. Havia muita preocupação com a capacidade hospitalar, então outra prioridade é estabelecer planos de vacinação em todos os países da região.

Imagem de Fernando Sales
Fernando Sales, diretor da Tiradentes Saúde.

Além disso, há um grande foco na saúde pública, impulsionado pelo aumento dos orçamentos para equipar e atualizar as tecnologias médicas a fim de melhor atender os pacientes e aumentar o número de leitos em cada região ou país.

SAMUEL: Acreditamos que as regulamentações da Comisión Federal para la Protección contra Riesgos Sanitarios (Cofepris) e da Secretaria de Saúde, que regula hospitais e centros de imagem menores, se tornarão muito mais rigorosas. As novas regulamentações para equipamentos de raios X tradicionais e móveis serão mantidas para ajudar os pacientes com COVID-19, o que terá impactos econômicos. Em alguns casos, as regulamentações também terão efeitos econômicos sobre os centros de imagens e sua equipe, especialmente os centros menores, porque as novas regulamentações exigem etapas adicionais nos fluxos de trabalho para o controle de infecções.

FERNANDO: As novas e futuras regulamentações permitirão que ocorram mais procedimentos fora das clínicas e dos hospitais, e haverá novas ferramentas para eles.

Everything Rad: Como a COVID-19 está impactando suas interações com os profissionais de saúde? Como vocês estão respondendo as preocupações deles neste momento?

RICARDO: Uma parte importante de nossas interações continuam sendo virtuais, com o uso de aplicativos móveis como o WhatsApp, que já era um dos preferidos, mas a COVID-19 também exigiu que utilizássemos mais ferramentas, incluindo vídeo, para que pudéssemos oferecer experiências personalizadas aos nossos clientes. Por outro lado, começamos a observar uma nova realidade, com passos no sentido de voltar à interação presencial com os nossos clientes, adotando-se todas as medidas de segurança disponíveis. Parece que o novo padrão será uma combinação de interação virtual e presencial para os clientes e também para eventos educacionais.

SAMUEL: A interação com certeza mudou — parte dela é digital e, claro, por telefone. Mas os protocolos para visitar os clientes tornaram-se mais rigorosos e complexos. Contanto que entreguemos equipamentos de qualidade dentro do prazo e utilizemos os protocolos de segurança estabelecidos, nossos clientes estarão satisfeitos.

FERNANDO: A COVID-19 mudou a forma como trabalhamos com nossos clientes, pois nenhum deles nos permitiu visitá-los em clínicas e hospitais. Mas, sem dúvida, utilizamos outras formas para manter nossos relacionamentos, por meio de apresentações remotas por computador, telefone celular, entre outras.

Saiba como podemos ajudá-lo com seus desafios de imagens médicas.

Everything Rad: Na opinião de vocês, quais serão as mudanças duradouras ocasionadas pela COVID-19 na aquisição de imagens médicas?

RICARDO: Parece que a adoção mais rápida da tecnologia digital chegou para ficar e conquistou um lugar permanente no mercado, onde antes havia uma lacuna entre o analógico e o digital; e os clientes estavam hesitando em seguir em frente mas a pandemia tornou os benefícios do digital muito claros, com o fornecimento de um fluxo de trabalho enxuto, rápido e otimizado de que os médicos precisavam, além do suporte no software oferecido para decisões clínicas, redução de dose e qualidade das imagens. Outra grande mudança é o nível de cuidado com a biossegurança, este será um fator importante nas soluções do mercado.

SAMUEL: Enquanto a COVID-19 estiver entre nós, a impressão poderá aumentar, pois os exames de radiologia são necessários para o diagnóstico.

FERNANDO: Acredito que os clientes continuarão investindo em tecnologia, em equipamentos e outros produtos para a aquisição de imagens médicas.

Nota do editor do Everything Rad: É claro que os dispositivos de radiologia digital e móvel estão realmente tendo um destaque na esteira da pandemia da COVID-19 — e estão sendo cada vez mais adotados pelos clientes da Carestream na América Latina. Pesquisas recentes confirmam isso. O relatório Modor Intelligence, “Mercado de dispositivos de raios X portáteis na América do Sul – crescimento, tendências, impacto da COVID-19 e previsões (2021-2026)”, afirma que:

“No cenário atual, a taxa de adoção de sistemas digitais de raios X não é de 100% (ou perto disso), apesar das vantagens em relação aos sistemas analógicos. No entanto, espera-se que esse cenário mude em breve e é provável que o mercado de dispositivos de raios X seja quase completamente dominado por sistemas de raios X digitais no futuro.” (1)

O relatório Modor também aponta que o aumento da população geriátrica está ajudando a impulsionar esse crescimento na radiologia digital, o que é um fator-chave nas populações em todo o mundo. Para saber mais sobre essa tendência demográfica e outras mudanças na radiologia, não deixe de ler “Principais tendências que moldam o futuro da radiologia”, uma conversa do Everything Rad com Jorge Quant, gerente de marketing global da Carestream. É revelador.

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Contato:

(1) https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/south-america-portable-x-ray-devices-market-industry

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