O impacto prolongado da COVID sobre a administração de radiologia
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Estratégias e percepções dos administradores de radiologia para navegar no novo normal.
Embora os casos de COVID-19 estejam diminuindo em muitos países, os administradores de radiologia ainda se deparam com implicações relacionadas em 2021 e além. Suas influências persistentes estão afetando os volumes de aquisição de imagens, a equipe e os orçamentos. Confira a publicação para saber mais a respeito do impacto duradouro da COVID sobre a administração de radiologia e as estratégias de três administradores de radiologia perspicazes:
- Amy Menier, que possui formação em MBA e bacharelado em ciências em tecnologia radiológica com especialização em radiologia e CT (tomografia computadorizada), é diretora corporativa de radiologia do Baptist Health Care em Pensacola, Flórida.
- Jason Scott, que possui formação em MBA, é administrador certificado em radiologia (Certified Radiology Administrator, CRA), pesquisador da Association for Medical Imaging Management (AHRA), profissional certificado em experiência do paciente (Certified Patient Experience Professional, CPXP) e tecnólogo registrado (Registered Technologist, RT) em radiologia com especialização em ressonância magnética (Magnectic Resonance, MR), é diretor de experiência do paciente no Witham Health Services.
- Kernesha S. Weatherly, que possui mestrado e doutorado em administração de saúde (Doctor and Masters of Health Administration, DHA/MHA), é tecnóloga certificada em medicina nuclear (Certified Nuclear Medicine Technologist, CNMT) e tecnóloga registrada (Registered Technologist, RT) em CT (tomografia computadorizada), é diretora sênior associada de radiologia no Birmingham Hospital da Universidade do Alabama (UAB)
“A COVID ainda está aqui”
“Estamos em um momento em que podemos retomar as operações normais, mas a COVID ainda está aqui”, enfatizou a Dra. Weatherly do UAB Medicine. “Ainda utilizamos máscaras. Ainda respeitamos o distanciamento social. E estamos garantindo que a equipe, os pacientes e os visitantes ainda sigam estas diretrizes. Trata-se de navegar no normal em meio à COVID.”
A necessidade de tranquilizar os pacientes de que as instituições de aquisição de imagens são seguras também permanece. “Se eu tentar aumentar o número de unidades em atendimento enquanto trato de pacientes com COVID, precisarei criar uma atmosfera segura para todos os pacientes, que deve ser comunicada ao público. Precisamos continuar sendo transparentes e informar as pessoas que é isso o que fazemos para garantir sua segurança.”
Segundo a Dra. Weatherly, continuar mantendo as medidas de segurança e informar que isto está sendo feito é especialmente importante para as organizações onde exames por aquisição de imagens de pacientes internados e ambulatoriais são realizados em equipamentos compartilhados.
O impacto duradouro da COVID sobre os orçamentos e volumes de pacientes
De acordo com Menier, o volume de pacientes ambulatoriais voltou a subir no Baptist Pensacola Health System; no entanto, como poucas pessoas possuem planos de saúde, o crescimento é limitado. “Muitas pessoas ainda recebem seguro-desemprego, o que, com frequência, está relacionado à perda do plano de saúde e ao atraso no tratamento”, explicou ela.
Contudo, ela espera que os volumes aumentarão, agora que os consultórios médicos estão reabrindo. “Os pacientes se sentem mais ‘impelidos’ (a realizar um exame) quando se consultam pessoalmente com um médico, em vez de receber uma recomendação por telefone.”
No UAB, os volumes de digitalização preventiva ainda apresentam instabilidade, em parte devido às preocupações com a COVID. “Devido à incerteza, alguns pacientes estão esperando até que tenham identificado um problema, como dor de cabeça ou de estômago. Mas é menos provável que eles compareçam para realizar um exame de rotina, a menos que estejam com um problema”, afirmou a Dra. Weatherly.
A queda no volume e na receita aumenta o ônus que as despesas relacionadas à COVID já impõem sobre os orçamentos de radiologia.
“Tivemos de aumentar os gastos no departamento respiratório com a aquisição de mais ventiladores pulmonares e equipamentos para respiração”, afirmou Scott, do Witham Health Services. “Por causa disso, talvez não possamos adquirir uma nova sala de raios X ou um equipamento de RM. Outra complicação é o fato de não sabermos quais serão os desdobramentos da COVID. Os volumes têm oscilado entre aumentos e diminuições. A COVID muda a todo instante, então é impossível prever o que o futuro nos reserva.”
Considerando a incerteza constante, o UAB está adotando o que a Dra. Weatherly chama de “pausa intencional”. “É compreensível que muitas coisas tenham sido interrompidas durante a COVID, mas os equipamentos ainda estão depreciando, por isso precisamos avaliar as necessidades imediatas de compra e como elas afetarão o departamento a longo prazo, caso não façamos as aquisições”, explicou ela.
A sombra persistente da COVID sobre a equipe de radiologia
O período prolongado de ansiedade, mudança e incerteza ao tratar de pacientes infectados com COVID teve um peso muito grande sobre todos na radiologia.
“A equipe continuou estressada”, afirmou Scott. “Não tem sido fácil utilizar máscara e praticar o distanciamento social durante um turno inteiro. Tivemos de, inclusive, limitar o número de pessoas no refeitório. A equipe não está tão otimista quanto costumava ser antes da COVID. Nos meus quase quinze anos como diretor, este é, de longe, o período mais tenso.”
A Dra. Weatherly está incentivando sua equipe a fazer uma pausa. “Eles literalmente se empenharam ao máximo e não se dão conta de como isso os afetou, tanto como equipe quanto no âmbito pessoal. Estou recomendando que eles façam uma pausa, deem um tempo e simplesmente respirem. Digo a eles para agradecer e celebrar por terem sobrevivido ao ano passado.” A Dra. Weatherly planeja dar o exemplo, reservando um tempo para si mesma.
Para alguns colaboradores, a disparidade salarial durante a COVID continua sendo um remédio amargo de engolir, afirmou Menier. “Ao pagar bônus para a equipe de enfermagem do setor de internação pela exposição à COVID, mas não para a equipe de aquisição de imagens porque esses profissionais não possuem o mesmo grau de contato com os pacientes, há um problema.”
Além disso, tem havido uma queda no volume de pacientes que são custeados pelo programa de garantia de tratamento do hospital, o que interfere no salário da equipe. “Felizmente, as coisas estão começando a se equilibrar, por isso espero que possamos eliminar as disparidades”, acrescentou Menier.
A COVID também está contribuindo para a falta de pessoal. Alguns profissionais de radiologia se demitiram para trabalhar em empresas itinerantes de saúde durante o pico da COVID, ganhando literalmente o triplo do salário anterior, afirmou Menier. A COVID fez com que outros profissionais se aposentassem antes do planejado ou migrassem para empregos fora do setor de saúde. Para ajudar a preencher a lacuna, o Baptist Health Care, localizado em Pensacola, está trabalhando em estreita parceria com programas de formação em radiologia, ajudando-os a elevar o número de alunos para recrutá-los. Pela primeira vez, algumas instituições de saúde estão oferecendo bônus para os recém-contratados.
Mesmo a vacina está acarretando um impacto. “Antes, perdíamos técnicospor causa da COVID e, agora, as pessoas se afastam por causa de suas reações à vacina”, explicou a Dra. Weatherly. “Agora, todo dia falta alguém e minha equipe precisa se programar para que isso não prejudique o fluxo de pacientes.”
Além do mais, devido à onipresença da COVID, o departamento prossegue com a abordagem de “técnicos com e sem contato com pacientes”, quando disponível. “Ter duas pessoas de plantão não era um problema quando os níveis de atendimento estavam baixos”, afirmou a Dra. Weatherly. “Porém, agora os volumes de aquisição de imagens estão aumentando e ainda tentamos fazer essa separação da melhor forma possível. Isso se soma a outro equivalente em tempo integral.”
O impacto prolongado da COVID sobre a administração de radiologia
Parece que muitos dos efeitos da pandemia da COVID serão duradouros.
E o Baptist Health Care obteve uma prova bastante concreta desses efeitos. A organização está em vias de construir uma nova estrutura. Porém, a necessidade de trabalhar remotamente durante o pico da COVID demonstrou que uma boa quantidade do trabalho administrativo pode ser concluída com efetividade sem que seja preciso se deslocar até a instituição.
“Compreendemos que muitas áreas diferentes da saúde podem trabalhar remotamente, eliminando a necessidade de um escritório físico para acomodar departamentos que agora são 100% remotos, como faturamento e alguns serviços de TI. Isso representa uma economia para nossa organização a longo prazo”, afirmou Menier.
Outra mudança duradoura é uma ênfase maior em relação à lavagem das mãos. O Baptist Health Care está explorando a utilização da tecnologia RFID, incorporada nos crachás dos colaboradores, para monitorar a duração da lavagem das mãos. “Isso evita que os gerentes gastem tempo com o monitoramento e garantirá que as mãos sejam lavadas de forma apropriada”, explicou Menier.
O Witham Health continuará com algumas de suas medidas mais rígidas de limpeza, afirmou Scott. “Continuaremos prestando uma atenção especial para garantir que tudo esteja mais limpo, como limpar os cassetes após cada paciente. E estamos mais conscientes sobre a utilização do EPI correto e a lavagem das mãos. Sem dúvida, em decorrência da COVID, estamos mais atentos quanto ao controle de infecções, o que provavelmente irá perdurar por mais um tempo.”
A pandemia também lançou luz sobre a necessidade de melhorar a comunicação. “Antes da COVID, pensávamos que tínhamos boas comunicações, mas a pandemia nos fez entender que há espaço para melhoria. As pessoas estão se reunindo todos os dias? Os sites estão atualizados? Acho que nossas comunicações definitivamente mudaram e para melhor”, afirmou Menier.
Há mudanças pessoais também. “Acho que os administradores tendem a ver as coisas preto no branco, mas a COVID trouxe a necessidade de ser mais flexível. Isso ajudou muitas pessoas no setor da saúde a se sentirem à vontade com o desconforto. Gostei de ver as pessoas se adaptarem e evoluírem”, afirmou a Dra. Weatherly.
Menier pondera a respeito de uma questão ainda mais importante sobre a influência duradoura da COVID. “As casas das pessoas se tornaram o mundo delas durante a COVID. As pessoas podem trabalhar, fazer compras e receber atendimento via telemedicina em suas casas. E o trabalho remoto pode ser desempenhado em qualquer lugar no mundo. Precisamos considerar este novo paradigma no futuro. Como a aquisição de imagens pode encontrar nossos clientes onde for mais conveniente para eles? Como podemos fazer a aquisição de imagens de forma diferente? Precisamos pensar a respeito.”
Quais são os efeitos duradouros da COVID em seu departamento de radiologia? Comente abaixo.
Katie Kilfoyle Remis é a editora do Everything Rad. Ela é também gerente de mídias digitais da Carestream. Entre em contato com ela através do e-mail Katie.Remis@Carestream.com
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